Pra onde você está indo?
Pra onde eu estou indo?
Pra onde o mundo está indo?
Pra onde a vida tá levando a gente?
Pra Brasília? Pra Brisbane?
Ou será que um dia a gente ainda volta a jogar bola naquele quintal estreito e comprido, de uma infância não muito distante, numa tarde quente de algum domingo depois do almoço?
Ainda, será que, depois da bola, Dona Maria Aldina e Dona Rose vão querer matar a gente só porque estamos suados? Vai saber...
Não dá pra saber nada, não dá para adivinhar nada.
Mas e daí, só por causa disso nós vamos desistir? Vamos deixar de tentar? Se pouco nos conhecemos a resposta é "Jamais!".
Num dia estávamos sentados almoçando separado do restante da família porque somos os únicos que não comem bacalhau e vivíamos de macarrão no almoço de Páscoa.
Num outro estávamos viajando sozinhos, dormindo com um olho aberto e o outro fechado numa rodoviária perdida numa cidade de interior só pra poder aproveitar mais o feriado chuvoso de Carnaval.
Numa vez era eu que resolvi aprender a cozinhar e fiz o nosso almoço de Páscoa porque ainda não aprendemos a gostar do bacalhau que nossas mães fazem.
Na outra era eu chegando exausto de um final de semana em Brasília e te encontrando de bermuda e chinelo no saguão de desembarque do aeroporto com aquela cara de você dizendo "Que porra você tá fazendo aqui?"
Depois era você chegando de Ilhéus e me encontrando no saguão do aeroporto de Salvador com um livro na mão para um mochilão pelo litoral da Bahia.
E pra que tudo isso?
Você mesmo, naquele nosso último almoço juntos naquela cantina, disse tudo: "Bagagem e experiência de vida cara!" Essa é a resposta para todas essas nossas perguntas.
Talvez você não saiba (e se eu não contar, você nunca irá saber não?) mas é o irmão que eu não tive. E que já não dá mais para ter, então vai ter que ser você mesmo e pronto. Meu super-herói sempre atrasado.
A idéia inicial do texto era dizer um "Não vai porra nenhuma!", mas adianta? Não.
Então vai, mas volta. Vai e toma todas as Foster's possíveis por você e por mim. Vai e e na volta me conta tudo com a cumplicidade de irmãos que só nós 2 conseguimos ter. Vai e conheça todos os animais que só existem lá. Vai e assista um jogo de rugby e depois me diga qual esporte é de cara delicado criado com a vó. Vai e dê um pulo na Nova Zelândia. Afinal, são só 7 meses não?
Dia 20 eu não estarei lá. Despedidas sempre são muito tristes e me fazem chorar. Não vamos tornar isso ainda mais díficil né?
Ah sim, e espero que você me desculpe por isso. Mas dia 5 de dezembro, quando você voltar, estarei lá revivendo a sensação de uma espera infindável num desembarque de aeroporto.
Eu fico. E cuido de tudo o que você me pediu. E penso em tudo o que você me disse. E depois te mostro os resultados.
Boa sorte por lá.
E sucesso. Muito e sempre. Você merece.
Um beijo grande e um abraço maior ainda.
P.S.1 - Foi foda lembrar e escrever tudo isso sem chorar algumas muitas vezes.
P.S.2 - E você, pára de chorar só por ter lido isso, mocinha!rs
Carai.... ateh eu toh chorando! Teu primo, certo?
ResponderExcluirEh meu caro... sei como eh ter um irmão longe! Eh foda, mas eh assim q eh... uma hr dessas a gente tem q desgrudar neh?! e essa hr sempre vem!
Tamo junto!