24 julho, 2010

Com, para e por

Eu já (dentre outras muitas coisas):

Te guiei, falando contigo ao celular, pelo aeroporto para que você pudesse me achar. (Não, não era pique - esconde ou aquela brincadeira “tá quente, tá frio”);

Peguei avião, despachei bagagem no porão a contragosto, sacolejei uma noite inteira num ônibus, aguentei mau humor de atendente de locadora de veículo;

Dirigi debaixo de chuva torrencial ou então sob um calor infernal numa sauna prata da marca Chevrolet por intermináveis 6 horas com a tia (Tia Marta, adoro você!) falando pelo cotovelos;

Conheci o sogro (que já é meu aliado), a sogra (que me adora), o filho canino (que às vezes não me reconhece e late p/ mim), os irmãos, as cunhadas, as sobrinhas e o sobrinho;

Comi o churrasco feito pelo irmão ciumento, cai no conto-do-vigário do irmão preguiçoso;

Comi fatuche porque nunca tinha experimentado, pastel tarde da noite só porque você o tinha feito, não comi a muqueca do Curuca por motivos até hoje incertos, comi filé ao molho madeira quando o carro-chefe do restaurante era bacalhau, comi pizza marguerita insossa e comi o seu pastel de metro porque você não agüentou comê-lo;

Fui à Guarapari, ao Maracanã, à Botafogo, à Urca, ao Flamengo e conheci Castelo, Domingos Martins, Marechal Floriano, Cachoeiro do Itapemirim, São José das Torres, Iconha e uns tantos outros povoados fluminenses e capixabas. Mas, não fui à Meíape (ou Meaípe, sei lá);

Acordei cedo sem fazer barulho enquanto você ainda dormia o sono dos justos;

Carreguei todas as malas enquanto você só levava a sua nécessaire;

Te acompanhei a eventos sociais me sentindo um peixe fora d'água, mas eu fiquei ali firme e forte;

Me perdi entre os teus “vira aqui” (que significa direita) e “vira ali” (que significa esquerda);

Experimentei roupa a contragosto porque você queria que eu experimentasse;

Tive ataque de raiva por causa de uma lata de cerveja rolando dentro do carro enquanto procurava lugar pra estacionar o carro;

Não me despedi direito de você em algumas vezes;

Pedi desculpas pela minha ignorância prêt-à-porter, pois não sou nenhum Jacques Leclair ou um Victor Valentino;

Achei que ia ser (novamente) abandonado longe de casa. Por isso eu fiz a melhor caipirinha até então por mim já feita e decidi que, embriagando-me, não sentiria os efeitos da “perda” e da solidão.

Bastante coisa, não? E vou lhe confessar algo: Não reclamo de nada.

Enfim.
Sobrevivi, estou aqui, não fugi, sempre voltei e novamente a encontrarei.
Parafraseando, num momento brega, o rei, “se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi”.

Só o que me interessa

Me traz o teu sossego
Atrasa o meu relógio
Acalma a minha pressa
Me dá sua palavra
Sussurre em meu ouvido
Só o que me interessa
(É o que me interessa - Lenine)