25 junho, 2009

Da descoberta

Sábado. Sol. Rugby.

Tríade perfeita.
O que estragou é que entre o sol e o rugby houve uma prova de prática civil testando os meus (des)conhecimentos, mas whatever...

Rugby é um jogo cheio de definições, mas a que mais importa mesmo agora é a fome que ele te proporciona ao final da prática.
E depois do jogo, ambos, amigos de fé, amigos de cancha e amigos famintos, vão ao mercado.

“- Só isso?”
“- Só, eu não como sem feijão e Coca-cola tem em casa.”
“ – Eu também não, mas são quase 4 da tarde e eu tô faminto.”
“ – A gente podia comprar mais alguma coisa.”
“ – Alguma coisa como por exemplo...?”
“ – Sei lá... Vê aí nas pratileiras o que tem...”
“ – Beleza.... Hum... Macarrão 4 queijos... Macarrão à carbonara...”
“ – Não, hoje não tô afim de massa...”
“ – Tá... Mas aí só vai sobrar essas coisas liofilizadas tipo ração R-1 de campanha.”
“ – Eca...”
“ – Não, peraí, tem algo aqui... Risoto!”
“ – Hunpf...”
“ – Carne com legumes.... Carme moída ao molho bolonhesa...”
“ – Peraí, como é que é?”
“ – Como que é o que?”
“ – A carne moída, é como?”
“ – À bolonhesa... Ahn... À bolonhesa?”
“ – Não pode ser... Explica o paradoxo”
“ – Mano, eu cozinho e você também... Mas acho que a gente se perdeu em alguma volta que a gastronomia mundial deu... E agora temos essa maravilha de ‘carne moída à bolonhesa’...”
“ – E agora?”
“ – Hum... Vamos de carne com legumes, é o que nos resta de ‘normal’ por aqui...”
“ – Tá, mas que carne é essa?”
“ – Filé mignon é que não é... E deixa de frescura senão daqui a pouco a gente vamos almoçar na hora da janta.”
“ – Tá bom vai... Mas carne moída à bolonhesa...”
“ – É...”
“ – Eu hein...”

P.S. - E não é que a carne com legumes era nada mais nada menos do que picadinho... Vai vendo a descoberta.

21 junho, 2009

Da faculdade, das férias, da vida.

Agora falta pouco, muito pouco.

Mas ele ainda precisa passar por mais esta semana para se ver livre: mais alguns peças forenses, mais algumas teses, mais algumas alternativas, mais algumas frases construídas em poucas linhas onde o pensamento e a explicação quase não cabem...

No começo era diferente. Muita teoria, quase nenhuma prática. Todas as dúvidas misturavam ambas. Aos poucos uma foi se ajeitando a outra (como a carga de um caminhão de melancias, segundo um professor) e pronto: vida profissional here I go.

O que há lá fora depois do baile de formatura e da sensação de dever cumprido após esses 5 desgastantes anos?
Essa é a a dúvida que o persegue desde o primeiro dia de aula quando a pergunta que jamais terá uma resposta definitiva e que vai lhe perseguir para todo o sempre lhe foi feita: O que é Direito?
Aos poucos aprendeu que junto a ela vem uma outra: O que é Justiça? Que igualmente não possui uma resposta precisa e definitiva.

Essa é a semana mais tumultuada quando se é universitário. Tem que dar tempo de tudo, tempo de conciliar a vida pessoal com a profissional e a acadêmica. Se tiver uma vida afetiva então ai ai ai...

Apesar de todos esses pesares, ele ama isso tudo. Não o herdou de ninguém e isso faz com a paixão que sinta pela disciplina da convivência humana seja mais forte.
Tira proveito de cada lição que lhe é passada e inquieta-se quando não está intelectualmente ativo. Não suporta tal preguiça.

Pronto, acabou. Lá se foi ela, temível, levando consigo esperança de ter obtido sucesso nas provas sob as quais passou.

Começo de férias. Como ele sabe? Simples: olha para o céu e vê os pipas.
Época de pipa, o céu tá cheio. 14 anos atrás ele ainda estava ali no meio. Correndo atrás, gritando, xingando (aprendeste cedo esta parte da gramática da nossa língua).
A vida era, além de ir a escola, levantar cedo todo o sábado (quem dera ter mantido este costume até hoje) e jogar bola o dia inteiro (outro costume que não foi mantido, mas por causa da rotina) com apenas uma pausa rápida para "engolir" o almoço.

O tempo passou. E apesar do maior domínio que ele possui sobre este, não lhe é mais tão possível controlá-lo da forma que gostaria. Mas, pensando bem, acredita ter vivido tudo o que lhe foi possível da melhor maneira.
Hoje e agora a vida é outra.

Há quanto tempo ele já não faz uma daquelas viagens sem destino com a mochila atada às costas? Por que não a faz agora, já que gosta tanto disso?
Não vai dar, vão ser mais 2 anos sem ela que somando-se aos outros 3 anteriores dão 5. Quanto tempo já...

Não, ele não se lamenta. Afinal cada uma dessas situações das quais ele se recorda com saudade faz com que ele não se arrependa de nada e tampouco de nenhuma delas. E, ainda, tenha mais força para seguir em frente. Afinal, ele quer ter mais e mais essa tal "bagagem de vida".

Saudades... É... Hoje, definitivamente, elas resolveram virem me visitar.

18 junho, 2009

In Passim

Tudo vai-se acabando, tudo passa
do que é ao que era; é tudo mais
ou menos uns vestígios de fumaça
no espaço do que deixas para trás.

E tudo o que deixaste ou deixarás
de manso ou de repente, sem que faça
diferença nenhuma no fugaz,
é assim como a garoa na vidraça:

intimações de lágrima delida.
Não valeu chorar nada. Nem te atrevas
a lamentar-te à porta da saída,

pois pouco importa a vida como a levas,
que ela te leva a ti, de despedida
em despedida, a uma lição de trevas.

(Bruno Tolentino)

14 junho, 2009

Gritar

Gritar.

Mas, para quê gritar?

Quem vai ouvir?

Quem vai escutar?

Quem compreenderá o grito louco agredindo a noite que se faz silenciosa até a alvorada?

Se antes era. Agora, por ela? Infelizmente, não mais.

Segues então, só ou sozinho, teu caminho com essa vontade que lhe move e com o grito alojado na garganta pronto para se libertar.

11 junho, 2009

Do Verbo Mentir

Mentira mentiu, mentia
Que amava certa Maria,
Que fingia acreditar.
Mas na verdade enganava
A pobre amada que amava,
Mentindo, tudo aceitar.
Um dia fez-se verdade
A sua infidelidade,
Não mentiu ao confessar
Que toda a vida mentira
Amor que nunca sentira,
Sentindo muito enganar.
Mas, a Maria enganada,
Não chorou desesperada
E simplesmente aceitou.
Pois na verdade ironia,
A moça também mentia,
E ele nunca acreditou.

(Anna Maria Dutra Menezes de Carvalho)

03 junho, 2009

Sextina devassa

Mordo os seios que trazes
como fruto celeste
pois no teu corpo a flor
entre ambígua e devassa
prefere o amor da carne
rosa aberta na cama.

À vontade na cama
o amor contigo trazes
entranhado na carne,
prazer quase celeste
que teu corpo devassa
ofertando-se em flor.


Sensualíssima flor
desabrocha na cama
e surge mais devassa
nos perfumes que trazes
como essência celeste
espalhados na carne.


Seios, cabelos, carne
convergem para a flor
amorosa e celeste
que se exibe na cama
e que de ambígua trazes
entre casta e devassa.

Meu olhar não devassa
o debaixo da carne
que ocultamente trazes
na aparência de flor
largada sobre a cama
entre impura e celeste.

Nem o som de celeste
permite que a devassa
se complete na cama
adentro e além da carne
enquanto mordo a flor
dos seios que me trazes.

Não me trazes, celeste,
outra flor que, devassa,
brote em carne, da cama.

(Fernando PY)

02 junho, 2009

Idas e Vindas.

Fui.

Voltei.

Fui.

Voltei.

Sou uma eterna inconstância até encontrar algo onde eu possa repousar o meu ser e suas ânsias.