20 maio, 2009

De como estamos românticos ultimamente

Essas paixões que chegam de repente
são as que não têm casa, não têm lar;
mas sei também, eu sei que muita gente
diz: aí mesmo é que se deve amar.

Não sei por que seria indiferente
às mundanas paixões, o medo à frente
de qualquer pensamento racional,
qualquer lembrança aqui encontra ausente,
faces ruborizadas, Stendhal
não faria melhor...faria igual:
suspiros da senhora de Rênal
não aplacaram de Sorel, o mal.

Seu sonho, seu desejo, seu presente
era impossível: ascender de classe,
como se todo o luxo em que vivia,
e como se a riqueza não bastasse
para beijar à face a hipocrisia:
ai, amor meu, prometo que seamasse
alguém, serias tu, luz do meu dia.

(Paulo Fichtner)

18 maio, 2009

Pra onde?

Pra onde você está indo?
Pra onde eu estou indo?
Pra onde o mundo está indo?
Pra onde a vida tá levando a gente?

Pra Brasília? Pra Brisbane?

Ou será que um dia a gente ainda volta a jogar bola naquele quintal estreito e comprido, de uma infância não muito distante, numa tarde quente de algum domingo depois do almoço?

Ainda, será que, depois da bola, Dona Maria Aldina e Dona Rose vão querer matar a gente só porque estamos suados? Vai saber...

Não dá pra saber nada, não dá para adivinhar nada.

Mas e daí, só por causa disso nós vamos desistir? Vamos deixar de tentar? Se pouco nos conhecemos a resposta é "Jamais!".

Num dia estávamos sentados almoçando separado do restante da família porque somos os únicos que não comem bacalhau e vivíamos de macarrão no almoço de Páscoa.

Num outro estávamos viajando sozinhos, dormindo com um olho aberto e o outro fechado numa rodoviária perdida numa cidade de interior só pra poder aproveitar mais o feriado chuvoso de Carnaval.

Numa vez era eu que resolvi aprender a cozinhar e fiz o nosso almoço de Páscoa porque ainda não aprendemos a gostar do bacalhau que nossas mães fazem.

Na outra era eu chegando exausto de um final de semana em Brasília e te encontrando de bermuda e chinelo no saguão de desembarque do aeroporto com aquela cara de você dizendo "Que porra você tá fazendo aqui?"

Depois era você chegando de Ilhéus e me encontrando no saguão do aeroporto de Salvador com um livro na mão para um mochilão pelo litoral da Bahia.

E pra que tudo isso?
Você mesmo, naquele nosso último almoço juntos naquela cantina, disse tudo: "Bagagem e experiência de vida cara!" Essa é a resposta para todas essas nossas perguntas.

Talvez você não saiba (e se eu não contar, você nunca irá saber não?) mas é o irmão que eu não tive. E que já não dá mais para ter, então vai ter que ser você mesmo e pronto. Meu super-herói sempre atrasado.

A idéia inicial do texto era dizer um "Não vai porra nenhuma!", mas adianta? Não.
Então vai, mas volta. Vai e toma todas as Foster's possíveis por você e por mim. Vai e e na volta me conta tudo com a cumplicidade de irmãos que só nós 2 conseguimos ter. Vai e conheça todos os animais que só existem lá. Vai e assista um jogo de rugby e depois me diga qual esporte é de cara delicado criado com a vó. Vai e dê um pulo na Nova Zelândia. Afinal, são só 7 meses não?

Dia 20 eu não estarei lá. Despedidas sempre são muito tristes e me fazem chorar. Não vamos tornar isso ainda mais díficil né?
Ah sim, e espero que você me desculpe por isso. Mas dia 5 de dezembro, quando você voltar, estarei lá revivendo a sensação de uma espera infindável num desembarque de aeroporto.

Eu fico. E cuido de tudo o que você me pediu. E penso em tudo o que você me disse. E depois te mostro os resultados.

Boa sorte por lá.

E sucesso. Muito e sempre. Você merece.

Um beijo grande e um abraço maior ainda.

P.S.1 - Foi foda lembrar e escrever tudo isso sem chorar algumas muitas vezes.

P.S.2 - E você, pára de chorar só por ter lido isso, mocinha!rs

10 maio, 2009

Mãe

É aquela que te perturba, mas ao mesmo tempo conforta.
É aquela que briga contigo, mas ao mesmo tempo te faz dar risada.
É aquela que sempre pergunta as coisas pra você, mas que também responde tuas dúvidas.
É aquela que te faz acreditar, mas que também te diz que não vai dar certo.
É aquela que você quer que suma, mas que você sabe que irá sentir falta dela quando isso acontecer.
É aquela que sabe o que você sente e precisa, mas que sabe que não pode te dar tudo pois é assim que ela te faz crescer.

E a senhora sedizente minha mãe é assim: tudojuntoaomesmotempoagora. E esse é o jeitinho dela, goste eu ou não.

Meu desejo de um feliz Dia das Mães para todas as mães nesse dia!
E para aqueles que não podem ter suas mães por perto hoje um feliz Dia das Mães também. Afinal, mesmo que elas estejam longe ou mesmo que não estejam mais entre nós, elas estarão sempre nos olhando e cuidando de nós.